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Como eu escolhi a minha universidade

Se eu pudesse descrever a minha jornada para a escolha da minha faculdade lá fora em uma palavra, seria a seguinte: um caos. Hoje em dia, olhando para trás, entendo como o processo todo culminou na melhor opção para mim, mas acho que sei melhor que qualquer um o quão desgastante e difícil essa escolha pode ser.

Meu processo começou, como muitos começam, com incerteza: nem sabia se ia estudar fora ou não. Mas comecei a me apaixonar pela variedade de escolhas que uma faculdade americana oferece: para mim, uma das pessoas mais indecisas que conheço, foi o que mais me atraiu.

Como sempre tive notas boas na escola, comecei a mirar alto. Começou, então, a pesquisa interminável, o stalking dos sites das faculdades, as dúvidas. Logo, fiz um college tour e visitei oito faculdades em seis dias, o que me ajudou a riscar algumas fora da minha lista, lugares onde simplesmente não me sentia 100% confortavel.

Quando chegou mais perto de realmente fazer a escolha, tinha uma faculdade clara em mente. Tinha feito um summer program em Columbia University em 2015, e absolutamente me apaixonei. Era tudo que eu queria: programas excelentes nas matérias que queria estudar, professores que eram nomes comuns no New York Times Bestsellers’ List, clubes e organizações que pareciam feitos para mim e, é claro, a localização na minha cidade favorita. Pensando alto, já até me via morando glamurosamente em Nova Iorque, vivendo um lifestyle bem Gossip Girl. Por isso, apliquei Early Decision para Columbia. Dediquei dias e dias para a application perfeita. Depois, eu esperei.

Eu esperei, e esperei, e acabei sendo deferred. No dia da minha colação de grau. De repente, tudo estava dando errado-- e me forcei a abrir minhas opções.

Mudei o foco, e acabei as outras applications-- onze ao todo. De todas essas, muitas eram bem difíceis de entrar. Ainda esperançosa com Columbia, também decidi aplicar para uma outra Ivy (UPenn), duas bem complicadas de entrar (Johns Hopkins e Georgetown), duas liberal arts colleges (Amherst e Williams) e outras mais acessíveis. Obviamente, estava mais de olho nessas difíceis, e depois que apertei o botão “submit application”, não dormi por meses.

O desespero culminou na hora de receber minha primeira decisão: um belo de um rejected, de Williams College. Cogitei a possibilidade de não checar meus portals nunca mais, deixar os emails de acceptance chegarem mesmo. Mas aí, comecei a passar para faculdades boas. E, no final, passei para faculdades excelentes. Columbia não foi uma delas.

Nem tive a chance de ficar deprimida, no entanto, porque logo depois desse baque abri a decision de UPenn e meu queixo caiu: tinha sido aceita. No dia seguinte, fui avisada que tinha passado para Georgetown. Finalmente pude dormir melhor.

Mas meu estresse não tinha acabado: agora tinha que decidir onde iria passar os próximos quatro anos da minha vida. Das onze faculdades, passei para sete, com as melhores nos rankings sendo Johns Hopkins, Georgetown e UPenn. Visitei Johns Hopkins e adorei o campus, mas a tirei da competição relativamente cedo porque sua área forte era a de medicina, algo que não tenho interesse nenhum em cursar. Achava que a decisão final também ia ser fácil. Estava erradíssima.

Não conseguia escolher uma sobre a outra. Cada pessoa que eu encontrava me falava que uma era melhor que a outra, mais agradável, mais animada. Fiquei tão perdida que fui nos eventos para admitted students nas duas faculdades, passando dois dias na Philadelphia e dois dias em Washington D.C.

Sai da Philadelphia apaixonada por UPenn. Fiquei até sem saco de ir pra Washington, exausta de atravessar o campus enorme vinte vezes no espaço de algumas horas. Tinha certeza que ia escolher Penn, e fui até Georgetown emburrada, de má vontade.

Na primeira hora em Georgetown, já tinha me emocionado múltiplas vezes com os discursos direcionados aos alunos aceitos e suas famílias. Me encantei com tudo: o campus, a cidade, a vida social e a vida acadêmica. Só tinha um problema: tinha amado quase tudo isso em UPenn. E UPenn era uma Ivy League.

Voltei para o Rio mais confusa do que estava quando embarquei para os Estados Unidos na semana anterior.

O dia da decisão se aproximava rápido demais, e eu ainda não sabia o que fazer. Éramos um time de encucados, minha família e eu, e a pressão de tudo foi crescendo: era a decisão mais importante que teria que fazer na vida, até aquele ponto.

Pedi ajuda para tudo e todos, e percebi, enquanto explicava minha situação, que meu coração estava claramente indicando uma faculdade mais que a outra. No fim, isso foi o mais importante. Desliguei meu cérebro e decidi escutar o que estava dentro de mim.

Escolhi Georgetown dois dias antes da deadline, e quando apertei o botão Enroll Now, senti que pude respirar direito pela primeira vez desde novembro. Nunca dormi tão bem quanto naquela noite. Acho que o que quero dizer é o seguinte: esse processo todo pode ser uma tortura, pode te deprimir ou te exaltar, pode te deixar tão confusa ao ponto de rever todos os seus conceitos e se perguntar, realmente, o que você quer da sua vida. Mas dá certo no final. As coisas acontecem por uma razão, afinal, e posso afirmar com certeza que nós acabamos nos lugares que mais fazem bem a nós. E isso é o que mais importa.

Juliana e suas faculdades

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